segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Distância

Eu ouvi um disco dos anos 50, uma herança rara para muitas pessoas como eu.A música do disco acaba, e eu, com muita preguiça de sequer levantar, coloco fones de ouvido e coloco uma música de Aerosmith. O volume alto não me deixava pensar, mas era impossível não relembrar de tudo o que passei junto com minha melhor amiga, Beatriz. Não somos iguais – ninguém é igual a ninguém. As nossas idades não são as mesmas. Não gostamos das mesmas coisas ou pessoas. Nem nossas cores preferidas são as mesmas. Então, qual é a semelhança entre nós? Não desistimos, em qualquer ocasião. Não deixamos, de maneira alguma, a solidão fazer parte das nossas vidas. Não pulamos e gritamos no cinema por astros. Não nos damos bem com qualquer bola, bastão ou uniforme de educação física. Não diria que nós somos muito diferentes de algumas outras amizades. Assim como várias outras, nós nos conhecemos no jardim de infância, brincamos por uns dois minutos, e, depois de alguns segundos, a pergunta “Você quer ser a minha amiga?” foi respondida por mim por um sim e um sorriso estampado na cara. O que, então nos fez diferentes?Não foram nossas risadas, nossas brincadeiras na sala de aula, e muito menos os sussurros que fazíamos no meio do pátio. Isso, qualquer amizade comum e superficial tem. Foi nossa persistência, uma coisa que quase ninguém tem, quase ninguém espera para ter. Nosso amor a nossa amizade, a algo que nós duas tínhamos que manter ali, fortalecendo, alimentando cada vez mais. Separadas pela distância, mas não pelo coração.No fone de ouvido, a voz de Aerosmith acabou com a estofe:

"Porque eu sentiria a sua falta
E eu não quero perder nada
Porque mesmo quando eu sonho com você
O sonho mais doce nunca vai ser suficiente
E eu ainda sentiria a sua falta
E eu não quero perder nada
."

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