quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Is this real?

Eu não me encontrei exatamente no país das maravilhas. Alias muito pelo contrário, o que eu fiz foi me perder mais. Deitada na grama tão ilustramente verde, posso sentir o cheiro forte das flores que me cercam, são todas de um vermelho sangue intenso, da mesma cor do laço de fita que tenho nos cabelos. E é aqui nesse lugar em que só existe eu e eu mesma que vivo mais intensamente meus sonhos mais desconhecidos, aqui que eu posso imaginar tudo, sem jamais ser interrompida ou descoberta por nada nem ninguém que vá me levar de volta a realidade. Fecho os olhos e por mais que não queira minha imaginação me leva direto ao nosso reencontro. Nele estamos apenas eu e você em um lugar que conhecemos bem e a primeira coisa que acontece e que você me pega no colo e me envolve em um beijo longo, quase sem fim repleto de desejo e também de saudades, sentamos os dois e enquanto você acaricia meus cabelos, me sinto mais uma vez infinitamente segura e leve, mesmo tendo conhecimento que essa sensação não durará para sempre. E nem em sonho dura. Cansada de imaginar sabendo que continuo eu na minha e você na sua vida, tão distantes e também tão breves, meus pensamentos se voltam para minha infância. A felicidade, a ingenuidade que infelizmente se foram sem despedidas. Fui tão infantil de querer crescer rápido, me livrei das minhas bonecas muito antes que muitas crianças sem a menor pena e muito menos sem saber que hoje, tudo que eu queria era sentar e brincar. As bonecas são fáceis de lidar penso, elas sempre querem estar perto de você, sempre estão aonde você as deixou, nunca te abandonam sem dar explicações, te dão alegria facilmente. Apesar de não ter a menor noção do árduo caminho que me esperava no futuro, fui feliz na infância e não à toa ainda carrego um jeito sonhador e quase infantil de pensar porque ainda tenho muito que crescer e não tenho pressa. Não quero deixar de viver na fantasia, contos de fada existindo ou não são tão nítidos para mim que mesmo que a única certeza do meu destino continue sendo a incerteza, ainda acredito nos sonhos, no amor. Na minha cabeça as imagens continuam, passam aniversários, festas, presentes e risadas continuam a ecoar como uma música de fundo. A sensação é tão boa, que o filme continua a girar, cada vez mais rápido. Passam momentos, viagens, beijos, abraços, paixões, sorrisos, decisões e o inesperado sempre acompanhando. Esse é a grande palavra, a grande definição da minha vida: surpresa. Não adianta tentar adivinhar, prever, sentir. Não dá para saber as próximas cenas desse filme longo, e quaisquer que sejam elas, esteja você presente comigo ou não, eu tenho certeza, que com o tempo tudo virá para melhor, afinal sempre foi assim. Sinto algo que parece ser um pequeno chute na canela e abro os olhos com as pálpebras ainda formigando. Não há nada e nem ninguém a minha volta. Talvez tenha sido só o chamado da realidade.

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